quinta-feira, 11 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
consciencia negra "Gabriel o pensador"
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Escola ou família, quem é a culpada?
É possível acabar com o jogo de empurra entre a família e a escola sobre a incumbência pela formação de crianças e adolescentes. Entenda como
Pais esperam ações dos professores e esses dizem não caber a eles tais tarefas. Professores, por sua vez, depositam nos pais expectativas que eles não têm condições - ou não sabem como - cumprir. No meio disso, estão os alunos, que, diante do fracasso escolar, transferem o ônus ao professor. Esse jogo de empurra gera uma série de equívocos e mitos sobre o relacionamento entre a família e a escola, prejudicando o estudante, que deveria ser a prioridade de todos.
"Vários fatores influenciam o aproveitamento do aluno. Se a escola e a família buscam ações coordenadas, os problemas são enfrentados e resolvidos", afirma a psicóloga Ana Costa Polonia, docente da Universidade de Brasília (UnB).
Para dar início ao diálogo produtivo, ideias prontas devem ser desconstruídas. É essencial que os professores entendam o público para o qual prestam serviço (como está organizada a família contemporânea? Qual o papel dela na Educação?). Por outro lado, a família deve compreender a missão e as propostas da escola e conhecer formas de contribuir com ela. Leia a seguir sobre os cinco principais mitos que envolvem essa relação, sua origem e o caminho para superá-los.
1. Famílias desestruturadas são um problema para a escola
André é filho de Marta e Geraldo, que se separaram e casaram com novos parceiros. Marta se uniu a um homem com duas filhas (que moram com a mãe delas). E Geraldo, com uma mulher que tem um filho do casamento anterior, que passa a viver com o novo casal. André mora com a mãe e visita o pai três vezes por semana, sendo que, em uma delas, fica na casa da avó paterna, junto com os primos. Esse é só um dos possíveis arranjos familiares contemporâneos - e que ocorre em qualquer classe social.
A dinâmica familiar mudou muito, abrindo mais espaço para a expressão pessoal e para a autonomia de cada membro. É o que constata Clarice Ehlers Peixoto, antropóloga do Grupo de Estudos sobre a Família Contemporânea da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). "O amor é o regulador das uniões, que podem ter diversas denominações: união livre, união homossexual, família monoparental (mãe e filhos, pai e filhos e, recentemente, avós e netos)", explica.
É um engano pensar que isso é novidade no Brasil: desde a colonização, há filhos fora do matrimônio, uniões esporádicas e concubinatos. A diferença é que hoje muito disso é legitimado social e juridicamente. "Não há um modelo único, e sim uma pluralidade de experiências de família", conta Myriam Lins de Barros, antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por isso, não faz sentido falar em "desestruturação", muito menos associar a ideia às classes mais populares. "O termo parte da lógica do modelo pai-mãe-filhos. Mas outras possibilidades não levam, necessariamente, à desorganização", diz a antropóloga.
O sociólogo francês François de Singly afirma no livro Sociologia da Família Contemporânea que diversas configurações familiares são fontes de estigmatização. Às vezes, no discurso de psicólogos, professores e assistentes sociais, a desagregação é a resposta rápida para problemas sociais e psicológicos da criança. Só que não existe nenhuma comprovação disso. Um divórcio pode abalar a vida de um garoto, mas isso não é uma regra.
Outra relação recorrente é entre "desestruturação" e o pouco envolvimento familiar nas questões escolares. Rosa Maria da Exaltação Coutrim, professora de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), pesquisou o desempenho de alunos criados pelos avós e não detectou nenhum prejuízo. "Os avós que assumem os cuidados costumam comparecer mais à escola e incentivam os estudos dos netos, mesmo quando têm pouca escolaridade", relata Rosa.
2. A família é responsável pelo aprendizado escolar dos filhos
Para a maioria dos professores, o ambiente familiar é preponderante na Educação de crianças e jovens. O resultado aparece na pesquisa Qualidade da Educação, da Fundação SM e da Organização dos Estados Ibero-Americanos, de 2008, que ouviu quase 9 mil docentes. A escola tem uma influência menor.
Os entrevistados têm razão? Em parte. Família e escola compartilham a responsabilidade de educar, mas com objetivos, conteúdos e métodos diferentes. O tipo de aprendizagem acaba definindo o foco de ação de cada uma das partes.
"A escola é responsável pelo núcleo formal do ensino da leitura, da escrita e da Matemática e suas regras e seus parâmetros científicos, entre outros conteúdos", aponta Ana Costa Polonia, da UnB. Isso não quer dizer que a criança não possa ter contato com a Matemática em casa - tal ação pode contribuir com o ensino formal. Na cozinha, ela aprende a identificar quantos ovos e xícaras de leite e açúcar vão em uma receita de bolo. Na sala de aula, a mesma receita será escrita com símbolos matemáticos.
Até o século 19, o ensino ficava a cargo da família ou de pequenos grupos, cada um de seu jeito. Depois, a escola assumiu o papel de formalizar os conhecimentos, ampliá-los, sistematizá-los e torná-los comuns a todos. "Boa parte da Educação oferecida pela família foi deslegitimizada", conta Ana Maria Almeida, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e cocoordenadora do Focus, grupo de pesquisa sobre a instituição escolar e as organizações familiares.
Agora a situação é diferente. A família, antes afastada, está sendo convocada a participar. A mudança veio com as teorias pedagógicas centradas nos alunos, que passaram a levar em consideração o que ocorre com a criança fora do contexto escolar. "É uma novidade histórica: os professores não concebem mais sua atuação desvinculada da família", comenta Maria Alice Nogueira, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
É preciso conhecer os pais, onde e como vivem e identificar os saberes que vêm de casa, mas a escola não pode abdicar do seu papel: o trabalho formal e sistemático com o conhecimento. "Pais não são professores. O conteúdo escolar é uma tarefa docente", enfatiza Ana Polonia.
3. Os pais nunca estão presentes em atividades da escola
Se a escola e a família são os principais responsáveis pela Educação, era de esperar uma parceria azeitada. O que se vê, no entanto, é uma relação tensa. Uma das grandes queixas é a falta de envolvimento dos pais na vida escolar.
Há diferenças muito grandes entre as escolas do país: em algumas, essa participação é grande (principalmente nas cidades pequenas) e, em outras, baixíssima. De forma geral, entretanto, a Educação é muito valorizada pelos pais de todas as classes sociais. De acordo com a socióloga Maria Alice, da UFMG, o diploma ganhou muita importância na vida das pessoas - é a definição da posição social futura. "As famílias respondem bem ao chamado da escola e até se antecipam a ele porque consideram o estudo dos filhos muito importante para ficar só nas mãos dele", defende a pesquisadora.
Mais do que interesse, os pais têm obrigações. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que cabe à garotada estudar e à família cuidar para que a frequência às aulas seja cumprida, sob risco de punição. O Ministério da Educação (MEC) lançou, em 2008, um manual para incentivar a participação familiar. Recentemente, pais que recebem o Bolsa Família passaram a ter presença obrigatória em reuniões escolares.
Por que, então, a sensação é a de que os pais estão ausentes? Existem problemas, principalmente, de comunicação. Não dá para esperar um grande comparecimento em uma reunião marcada, por exemplo, numa quarta-feira às 15 horas. É horário de trabalho e nem todo mundo consegue negociar saídas e folgas.
Também há divergências de opiniões e interesses. "O professor sempre fala em parceria, mas não costuma receber bem a opinião do pai ‘leigo’", conta Maria Alice. "Já os pais estão pouco dispostos a acatar recomendações (ou ingerências?) sobre como vivem e cuidam dos filhos."
Em busca de aproximação, vale perguntar aos responsáveis: o que impede ou atrapalha a participação na vida escolar? Que estratégias usam diante das dificuldades dos filhos? Com base nisso, a escola pode ajudar, adequando os horários de atendimento aos pais ou promovendo discussões sobre o trabalho pedagógico.
4. O tema principal da reunião de pais deve ser o comportamento
Os professores querem a participação dos pais para melhorar o desempenho dos alunos, mas nas reuniões o que menos se fala é em aprendizagem. Pesquisa do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e da Fundação Victor Civita (FVC), feita em 2008 com 840 educadores, mostra que o tema campeão dos encontros é o comportamento em sala de aula.
Em tese de doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Luiza Maria Braga Silveira identificou que, muitas vezes, professores fazem reuniões só para reclamar e cobrar atitudes dos pais. "Não perguntam como é o estudo em casa ou o que funciona." Segundo a pesquisadora, a escola se coloca, nesses casos, como se estivesse num nível superior e detivesse todos os conhecimentos sobre a criança. Não raro, questões da esfera educacional são ultrapassadas. "Chegam a questionar a vida conjugal dos pais e a carga horária de trabalho da mãe", diz.
As reuniões deveriam ser momentos de explicar o planejamento pedagógico, as ações já realizadas e a evolução do aprendizado da garotada. Não basta mostrar as notas. Os pais precisam entender o que os filhos sabem e o que não sabem. "Se os responsáveis não conhecem estratégias de ensino ou conteúdos atuais, o professor pode criar uma situação para que compreendam o tipo de proposta. Uma atividade de cálculo mental, por exemplo, pode ser feita na reunião da mesma forma como é conduzida em sala", afirma Priscila Monteiro, formadora do projeto Matemática É D+.
O comportamento dos estudantes não está ligado diretamente ao aprendizado, mas é visto como obstáculo ao ensino. A socialização primária (cumprimentar e esperar alguém terminar de falar para se manifestar, entre outros) é, sim, uma das tarefas educativas da família. Mas a socialização também é um conteúdo escolar, especialmente na Educação Infantil e em séries iniciais do Ensino Fundamental.
Para contornar problemas de comportamento, família e escola acabam seguindo caminhos distintos, por vezes equivocados, de acordo com Luiza Silveira, da PUC-RS. Se os pais usam estratégias ambíguas, por exemplo, os professores apelam para métodos autoritários e querem que a família os reproduza. É preciso estabelecer práticas comuns - o que pode ser articulado num encontro entre coordenação pedagógica, docentes e familiares, fora da reunião de pais.
5. A escola do meu filho oferece um ensino de boa qualidade
O resultado de uma recente pesquisa do MEC sobre como os pais veem a escola pública surpreendeu muita gente. O levantamento mostrou que eles estão satisfeitos com a qualidade do ensino.
Foi uma novidade para quem lida com os dados das grandes avaliações feitas com os alunos. O país vem melhorando, mas está longe do ideal. Os estudantes brasileiros estão entre os de pior desempenho no Pisa (sigla em inglês para o Programa Internacional de Avaliação Comparada), que mede a proficiência em leitura, Matemática e Ciências em 57 países.
O resultado não surpreendeu quem conhece de perto a realidade das famílias. "As camadas mais populares, que são a maioria com filhos na escola pública, têm menos condições (ou acham que têm) de avaliar e questionar o trabalho pedagógico. Falta informação sobre o universo escolar", explica Maria Alice, da UFMG.
A professora Zaia Brandão, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), levanta outra hipótese: a de que os pais avaliem o sistema em relação ao passado, em que faltavam escolas, merenda e material didático e as políticas de assistência não existiam. "As mudanças nas últimas décadas significaram melhorias importantes nas condições de acesso e permanência na escola."
Contudo, no estudo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e da FVC, os pais mostram que têm clareza sobre o principal atributo de uma boa escola: que tenha professores que saibam ensinar. O reconhecimento sobre a importância dos docentes é um ótimo ponto de partida para firmar uma parceria em que todos vão sair ganhando. Especialmente os alunos.
retirado do site www.ne.gov.br
É hora de rever o conceito de família desestruturada
Belinda Mandelbaum fala sobre estrutura familiar e aprendizagem
Para a pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), não há o modelo ideal. Um lar com pai e mãe não é garantia de atenção à criança
É bem provável que você já tenha lido ou ouvido alguém em sua escola dizer que determinado aluno não aprende porque vem de uma família desestruturada. A ideia, extremamente preconceituosa, deve ser deixada de lado na opinião da psicanalista Belinda Mandelbaum, docente e coordenadora do Laboratório de Estudos da Família, Relações de Gênero e Sexualidade do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Ela defende que pais separados, casais homossexuais, mães solteiras, avós responsáveis por netos e tantas outras configurações compõem núcleos que podem até fugir do idealizado pela sociedade, mas têm plenas condições de obter sucesso na Educação de crianças e jovens sob sua responsabilidade. Para isso, é importante a colaboração do professor no sentido de combater os estigmas.
"Nunca houve um modelo definitivo de família. Ela muda constantemente com a sociedade", afirma Belinda. Para a especialista, o essencial é o estudante ter em casa alguém que exerça os papéis materno e paterno - mesmo que seja uma pessoa só. Os educadores que compreendem essa realidade melhoram o relacionamento da escola com os responsáveis, são capazes de fazer os estudantes se sentirem acolhidos e ainda aprendem a identificar os verdadeiros problemas que os afetam. "É necessário saber o que angustia de fato a criança. E isso só ocorre se for estabelecido um diálogo honesto e livre de preconceito entre os envolvidos na Educação dela."
A estrutura familiar mudou?
BELINDA MANDELBAUM Ela se transforma continuamente durante a história para acompanhar as alterações sociais, econômicas e culturais. Muitos fatores afetam sua configuração, a forma de seus membros se relacionarem e seu modo de ser e de educar os filhos. Nunca houve um modelo definitivo, principalmente na cultura ocidental.
Na nossa sociedade, o que tem influenciado essa evolução?
BELINDA A situação econômica, por exemplo. Anos atrás, após um período de forte desemprego, muitas famílias de composição nuclear - pai, mãe e filhos que habitam uma unidade doméstica independente - perderam a renda e se mudaram para a casa dos avós. No fim dos anos 1990, os aposentados foram os principais provedores em muitas casas, inclusive as de classe média. Ampliou-se assim uma formação frequente nas camadas mais pobres, em que alguém tem um terreno em que são construídos puxados conforme os filhos vão se casando e todos convivem lado a lado. Às vezes, uma das mães é responsável por olhar todas as crianças enquanto as outras trabalham. Isso funciona.
Levando em conta essas mudanças e configurações cada vez mais comuns hoje em dia - como mães sozinhas e casais homossexuais -, faz sentido falar em família desestruturada?
BELINDA Uma coisa não tem a ver com a outra. Não podemos confundir o que foge do estereótipo do lar perfeito mostrado em comerciais de TV com uma família desestruturada. Essa condição não tem a ver com a composição nuclear. É preciso sair da questão biológica e atentar para as funções originalmente determinadas como paterna e materna, mas que podem ser exercidas por outras pessoas. O papel da mãe seria de acolhimento para criar o sentimento de confiança, fundamental para o desenvolvimento e, portanto, para a capacidade de aprendizado. O do pai, teoricamente, seria exercer a autoridade, colocar limites, mostrar que há regras a respeitar. Não é necessário ser o pai e a mãe biológicos para fazer isso. Outros adultos podem ter uma dessas atribuições, como o avô e a madrasta. Por outro lado, pode haver pai, mãe e filhos dentro de uma casa e ela ser uma catástrofe, em que ocorrem situações de abuso
Há algum movimento para levar a sociedade a mudar essa visão?
BELINDA Estudos do campo da Psicologia têm mostrado que a noção de estrutura tal como aparece nos dados oficiais não é significativa para o desenvolvimento psíquico dos pequenos. Quando se realizam censos demográficos, o pesquisador bate na porta da casa e apresenta um questionário. Entre as perguntas estão: tem pai? Tem mãe? Tem filhos? Em caso afirmativo, caracteriza-se uma família estruturada. A pergunta ideal seria outra: alguém exerce função de mãe? E de pai? Se essa prática fosse adotada, talvez as conclusões fossem diferentes.
Como o professor deve se posicionar frente à questão das diferentes composições familiares?
BELINDA Sempre sem demonstrar preconceito com relação a filhos de pais separados, adotados por casais homossexuais, criados por parentes etc. Quem não age assism tem de repensar seus valores. Esse é um bom trabalho para ser feito em grupo, com os colegas e a coordenação pedagógica. É função da escola permitir que o assunto seja pensado e conversado, já que os educadores têm um papel fundamental na forma de tratar o tema.
Qual a melhor maneira de abordar a questão com os alunos?
BELINDA Desmitificando a ideia de modelo ideal e propondo debates. Um bom caminho para isso é se basear em estatísticas. Na Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006, as famílias nucleares eram 49,6%, ou seja, mais da metade já tinha outras configurações. Muitas eram monoparentais, outras tantas formadas por pais ou mães homossexuais - um tipo que está em crescimento. Outra opção é destacar estudos recentes que já acenam para a conclusão de que, em termos do desenvolvimento psicológico e cognitivo, não há diferenças na criação de filhos por casais homossexuais. Quando o tema é tratado assim, promove-se um convívio melhor entre todos. A criança que está nessa situação se sente incluída, o que interfere na saúde psíquica dela.
É uma queixa comum dos educadores a falta de imposição de limites em casa. Isso realmente ocorre?
BELINDA Pode ser que em alguns casos a escola tenha razão. Situações de falta de limite são comuns hoje em dia. Os pais ficaram fragilizados não por culpa deles, mas em virtude de um processo histórico que tem a ver com a diminuição do poder econômico e da autoridade. O homem, principalmente, está passando por uma perda de lugar na sociedade e sem querer transmite isso aos filhos. Cria-se, assim, uma situação em que não é mais dentro de casa que eles encontram regras importantes para o seu crescimento. Diferentemente do que se possa pensar, eles se sentem mais seguros quando não podem fazer tudo e se há alguém dizendo que estão no caminho certo. De fato, estabelecer regras é uma ação cada vez mais transferida a outras instituições. É como se a responsabilidade fosse terceirizada, inclusive para a escola. Além de compreender que isso é o sintoma de uma transformação social - e não uma falta de atenção dos pais - a escola pode promover debates e grupos de reflexão que ajudem cada um a encontrar seu papel.
=== PARTE 3 ====
Qual a melhor atitude a tomar quando se avalia que problemas em casa dificultam o avanço do estudante?
BELINDA Se ele está com dificuldade e é levantada a hipótese de que aquilo esteja ligado às características de sua casa, é preciso verificar que tipo de apoio ele tem lá. Se alguém - independentemente de quem - faz o acompanhamento, não se pode dizer que seja esse o problema.
Por que, então, é tão comum atribuir a famílias desestruturadas o mau desempenho de um aluno?
BELINDA Isso é algo feito quase automaticamente pelo professor, sem reflexão sobre a real relação entre as coisas. O ideal seria se perguntar: o que está realmente dificultando o desempenho do aluno? A resposta não pode ser algo como "os pais são separados" ou "ele só tem mãe". O caminho é investigar o que está faltando de verdade à criança e estabelecer um diálogo honesto e livre de preconceitos com quem cuida dela. Só esse interesse genuíno já a ajuda. Se de fato uma situação doméstica está interferindo nos seus estudos, o educador precisa agir como o grande aliado que ela procura na escola.
Como se tornar esse aliado?
BELINDA O estudante que está vivendo uma situação angustiante em casa muitas vezes pede socorro na escola. O educador tem de ser sensível a isso porque nem sempre ele é explícito. Ao vê-lo triste, angustiado, malcuidado ou apresentando queda de rendimento, é preciso acolhê-lo e ajudá-lo. O primeiro passo é tentar a aproximação, com a abertura de um espaço de escuta. Ele vai se sentir melhor ao perceber que tem alguém com quem conversar, que está interessado nele e pelo que está passando. Pode ser que o encaminhamento psicológico seja adequado, mas isso nem sempre é a solução. Em muitos casos, a simples atenção do professor que está todo dia ao lado dele pode ser mais efetiva.
As novas formações familiares exigem estratégias diferentes de aproximação com os responsáveis?
BELINDA Em certo sentido, todos têm de ter o mesmo tratamento, mas é importante saber que cada caso tem suas particularidades. Mudanças no campo do Direito indicam o reconhecimento de que é impossível ter um padrão único para julgar todos os casos referentes à família e que é preciso levar em conta a especificidade de cada uma. Por exemplo: antigamente havia a figura jurídica do pai de família, que era sempre o pai. Hoje existe o chefe de família, que pode ser um homem ou uma mulher. O ideal é que esse mesmo espírito esteja na escola, que deve reconhecer as diferenças e demonstrar isso na maneira como atua. Não há uma fórmula para lidar com o diverso, mas os educadores têm de se preparar para fazer da escola um espaço de escuta das famílias.
Quando há mais de um responsável pela criança, é tarefa do professor conversar com todos?
BELINDA Não. Para que seja garantida uma zona de estabilidade para ela, é importante definir quem responderá pelas questões relativas à escola. Se os responsáveis não tomarem a iniciativa, caberá à escola conversar com eles para estabelecer quem será o interlocutor. Essa é uma questão bastante presente, ligada à guarda compartilhada. É lógico que os pais têm o direito de reconstruir sua vida, mas o filho tem de ter estabilidade. É difícil alguém ficar confortável morando dois dias em um lugar, três no outro, alternar fins de semana e ainda a cada momento ter uma orientação.
Até que ponto a escola precisa conhecer a situação do aluno em casa?
BELINDA Se há o verdadeiro interesse por ele, isso só pode ser positivo. Caso se desconfie de abuso, por exemplo, toda curiosidade é justificável, pois a atitude é de cuidado. Porém, se o educador vai para a conversa com os responsáveis querendo impor um monte de pressupostos morais sobre o comportamento deles, está fadado ao insucesso.
E o contrário: é correto compartilhar com os responsáveis tudo o que se passa na escola com os alunos?
BELINDA Os pais têm direito de saber o que ocorre com seus filhos. No entanto, não é preciso tomar a iniciativa. A criança necessita de um espaço em que nem tudo o que diz respeito a ela fique exposto. Acho absurdo os berçários instalarem câmeras para permitir que os pais vejam o filho o tempo todo. Uma das funções da escola é dar ao aluno a oportunidade de iniciar contatos com pessoas fora de sua casa, o que é fundamental para a sua independência.
retirado do site www.ne.org.br
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
"Fale somente quando suas palavras forem tão suaves quanto o silencio."
Um dia, o professor de um garoto o viu pedindo desculpas a um colega depois de uma explosão de raiva e lhe entregou uma folha de papel lisa, dizendo:
- Amasse-a!
Assustado, o menino fez o que mandara o professor, transformou a folha até então lisa, em uma bolinha de papel.
- Agora, deixe-a como estava antes. - Voltou a dizer o mestre.
É óbvio que ele não pôde deixá-la como antes. Por mais que o aluno tentasse, o papel sempre iria ficar cheio de pregas. Então o professor disse:
- O coração das pessoas é como esse papel. A impressão que nele deixamos será tão difícil de apagar como esses amassados.
Assim o garoto aprendeu a ser mais compressivo e paciente.
Faça como este garoto, quando sentir vontade de estourar lembre-se sempre desse papel amassado.
Alguém disse certa vez:
"Fale somente quando suas palavras forem tão suaves quanto o silencio."
retirado do blog photoscape edições
sábado, 26 de junho de 2010
SUGESTÕES DE PALAVRAS E EXPRESSÕES PARA USO EM RELATÓRIOS.
ACHEI MARAVILHOSO E ÚTIL PARA TODOS OS PROFESSORES, SÃO PALAVRAS E EXPRESSÕES PARA USARMOS NOS RELATÓRIOS DOS NOSSOS ALUNOS. COMFIRAM ABAIXO:
SUGESTÕES DE PALAVRAS E EXPRESSÕES PARA USO EM RELATÓRIOS
VOCÊ PENSA – VOCÊ ESCREVE
O ALUNO NÃO SABE – O ALUNO NÃO ADQUIRIU OS CONCEITOS, ESTÁ EM FASE DE APRENDIZADO.
NÃO TEM LIMITES – APRESENTA DIFICULDADES DE AUTO-REGULAÇÃO, POIS...
É NERVOSO – AINDA NÃO DESENVOLVEU HABILIDADES PARA CONVÍVIO NO AMBIENTE ESCOLAR, POIS...
TEM O COSTUME DE ROUBAR – APRESENTA DIFICULDADE DE AUTOCONTROLE, POIS...
É AGRESSIVO – DEMONSTRA AGRESSIVIDADE EM SITUAÇÕES DE CONFLITO; USA MEIOS FÍSICOS PARA ALCANÇAR O QUE DESEJA.
É BAGUNCEIRO, RELAXADO, PORCO – AINDA NÃO DESENVOLVEU HÁBITOS PRÓPRIOS DE HIGIENE E DE CUIDADO COM SEUS PERTENCES.
NÃO SABE NADA – APRENDEU ALGUMAS NOÇÕES, MAS NECESSITA DESENVOLVER...
É LARGADO DA FAMÍLIA – APARENTA SER DESASSISTIDO PELA FAMÍLIA, POIS...
É DESOBEDIENTE – COSTUMA NÃO ACEITAR E COMPREENDER AS SOLICITAÇÕES DOS ADULTOS TEM DIFICULDADES EM CUMPRIR REGRAS.
É APÁTICO, DISTRAÍDO – AINDA NÃO DEMONSTRA INTERESSE EM PARTICIPAR DAS ATIVIDADES PROPOSTAS, MUITAS VEZES PARECE SE DESLIGAR DA REALIDADE, ENVOLVIDO EM SEUS PENSAMENTOS.
É MENTIROSO – COSTUMA UTILIZAR INVERDADES PARA JUSTIFICAR SEUS ATOS OU RELATAR AS ATITUDES DOS COLEGAS
É FOFOQUEIRO – COSTUMA SE PREOCUPAR COM OS HÁBITOS E ATITUDES DOS COLEGAS.
É CHICLETE – É MUITO AFETUOSO, DEMONSTRA CONSTANTEMENTE SEU CARINHO...
É SONSO E DISSIMULADO – EM SITUAÇÕES DE CONFLITO COLOCA-SE COMO EXPECTADOR, MESMO QUANDO ESTÁ CLARA A SUA PARTICIPAÇÃO.
É PREGUIÇOSO – NÃO REALIZA AS TAREFAS, APARENTANDO DESÂNIMO E CANSAÇO. PORÉM LOGO PARTE PARA AS BRINCADEIRAS E OUTRAS ATIVIDADES.
É MIMADO – APARENTA DESEJAR ATENÇÕES DIFERENCIADAS PARA SI, SOLICITANDO QUE SEJAM FEITAS TODAS AS SUAS VONTADES.
É DEPRIMIDO, ISOLADO, ANTI-SOCIAL EVITA O CONTATO E O DIÁGOLO COM COLEGAS E PROFESSORES PREFERINDO PERMANECER SOZINHO, AINDA NÃO DESENVOLVEU HÁBITOS E ATITUDES PRÓPRIAS DO CONVÍVIO SOCIAL.
É TAGARELA – COSTUMA FALAR MAIS QUE O NECESSÁRIO, NÃO RESPEITANDO OS MOMENTOS EM QUE O GRUPO NECESSITA DE SILÊNCIO.
TEM A BOCA SUJA – UTILIZA-SE DE PALAVRAS POUCO CORDIAIS PARA REPELIR OU AFRONTAR.
POSSUI DISTÚRBIO DE COMPORTAMENTO – APRESENTA COMPORTAMENTO FORA DO COMUM PARA SUA IDADE E PARA O CONVÍVIO EM GRUPO, TAIS COMO...
É EGOÍSTA – AINDA NÃO SABE DIVIDIR O ESPAÇO E OS MATERIAIS DE FORMA COLETIVA.
COLOQUE SEMPRE AS INTERVENÇÕES FEITAS PARA
AÇÕES APRESENTADAS, ISSO RESSALTA TRABALHO.
Retirado do blog :'http://amigasdaedu.blogspot.com/2010/06/sugestoes-de-palavras-e-expressoes-para.html'>SUGESTÕES DE PALAVRAS E EXPRESSÕES PARA USO EM RELATÓRIOS.</a>
segunda-feira, 21 de junho de 2010
A LIÇÃO DA BORBOLETA
Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo. Um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia ir mais. O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo.
A borboleta então saiu facilmente. Mas seu corpo estava murcho e era pequeno e tinha as asas amassadas.
O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar com o tempo.
Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar.
O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo com que Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vidas. Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nós nunca poderíamos voar...
Texto retirado do site
http://educandomundo.blogspot.com/
Em 21/06/2010
domingo, 20 de junho de 2010
PALESTRA DE IÇAMI TIBA
Palestra ministrada pelo médico psiquiatra Dr. Içami Tiba, em Curitiba, 23/07/08.
1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.
2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar com internet, som, tv, etc...
3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.
4. É preciso confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.
5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.
6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente.
7. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer.
8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.
9. É preciso transmitir aos filhos a idéia de que temos de produzir o máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.
10. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente.
11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de vista sexual.
12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso da droga . A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.
13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita..
14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo.. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.
15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.
16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade.
17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite. Nunca.
18. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá que engolir também.
19. Videogames são um perigo: os pais têm que explicar como é a realidade, mostrar que na vida real não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reviver. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.
20. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.
21.. Pais e mães não pode se valer do filho por uma inabilidade que eles tenham. 'Filho, digite isso aqui pra mim porque não sei lidar com o computador'. Pais têm que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível pagarem para falar com o filho que mora longe.
22. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.
23. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família..
24. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que mostrar qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.
25. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar.
retirado do blog da Tia Maria e recebido de várias amigas por e=mail
ÉTICA E MOCHILA ESCOLAR- Içami Tiba
É quando o discípulo está pronto que o mestre aparece. É um velho ditado hindu. Muitas vezes o mestre não é uma pessoa, mas um episódio do cotidiano. A Psicologia Educacional está presente nos pequenos atos, que podem passar despercebidos.
Venha comigo observar, à porta de uma escola qualquer, a hora da chegada das crianças com as respectivas mães. Observe: quem carrega a mochila escolar? Na maioria das vezes é a mãe. Essa mãe, por hipersolicitude e num gesto de amor, carrega a mochila do filho para poupá-lo desse esforço. Há mãe exagerada: leva três mochilas nas costas, segura ou carrega o filho menor, enquanto vai cuidando para que os outros filhos não fiquem se matando pelo caminho.
E, quando chegam ao portão da escola, o que acontece?
O filho foge para dentro da escola, e a mãe tem de correr atrás dele para entregar-lhe a mochila e, já com os lábios estendidos, dar-lhe um beijinho de despedida...
Por que um filho, nessa despedida, não beija sua mãe?
Qualquer ser humano, ao se separar de alguém, pelo menos por educação se despede dele. Os enamorados beijam-se tão demoradamente que é impossível saber se estão se despedindo, ou "ficando", ou até mesmo se chegando... Somente quando não usufruímos a companhia é que "saímos de fininho", isto é, sem nos despedir dela. Portanto, se um filho não beija sua mãe é porque não usufruiu prazerosamente sua companhia. Significa também que o filho não reconheceu a ajuda que a mãe lhe deu.
Ajudar é muito nobre e um gesto de amor, ao qual mãe nenhuma se furta. Mas, se não ficar claro que a mãe o está ajudando, o filho pode entender que é responsabilidade dela carregar sua mochila. Assim se perpetua que quem vai à escola é ele, mas quem deve carregar a mochila é a mãe.
Para que carregar sua mochila se, até então, isso é obrigação da mãe? Essa é uma das melhores maneiras de um filho não adquirir responsabilidade pela própria vida. Mas o pior é quando o filho acredita que é obrigação dos pais carregar as "mochilas da vida" e que a ele só cabe viver o prazer. O filho se deforma transformando-se em "folgado", enquanto os pais se "sufocam".
Assim vai se organizando uma falta de ética em que o respeito a quem o ajuda passa a não existir e a responsabilidade pelos próprios compromissos a se diluir. Quem não respeita a própria mãe não tem por que respeitar outras pessoas: pai, professores, autoridades sociais ou qualquer ser vivente, seja mendigo, seja índio... Quem não se responsabiliza pelos próprios atos não tem por que se preocupar com o que faz ou deixa de fazer... Tudo isso pode ocorrer se carregar a mochila do filho for extensão social do que a mãe faz dentro de casa, isto é, se ela carrega também a casa toda...
Carregar a mochila do filho é um erro de amor. Cometido por amor, pode ser até aceitável, mas não se justifica. O maior amor é criá-lo e educá-lo para a vida. E a vida exige qualidade, ética, liberdade e responsabilidade. Ainda bem que nossa psique é plástica e os comportamentos podem ser mudados a qualquer momento, desde que estejamos realmente mobilizados para isso.
Na primeira oportunidade esta mãe deveria fazer o esforço sobrematerno, que é maior que o sobre-humano, para não carregar a mochila do filho. Vai ser uma briga interna muito grande contra a sensação de estar sendo má, incompetente e omissa... Mas a mãe tem de saber que o que sempre fez, pensando estar ajudando, na realidade prejudicou o filho e acreditar que pode mudar. Portanto, essa mudança de atitude tem a finalidade de educar saudavelmente o filho, porque só o amor não é suficiente para uma boa educação.
O filho tem de sentir todo o peso de sua mochila. Cabe à mãe oferecer ajuda. Se ele, por birra, já que nunca carregou peso algum, recusar a ajuda, ótimo! A mãe não deve sentir-se inútil. Pelo contrário, deve usufruir o filho, que está começando a assumir a própria responsabilidade, e curtir essa felicidade. A mãe não deve incomodar-se com os olhares indignados de outras mães, querendo dizer: "Que mãe desnaturada, que deixa o filho soterrado sob a mochila". A mãe precisa devolver os olhares dizendo "quão cegas e submissas elas estão sendo aos próprios filhos, que logo irão chamá-las de "escravas", e perceber nelas já uma pontinha de inveja por alguém estar conseguindo o que elas sempre desejaram... É bem provável que já no dia seguinte essa mãe encontre algumas parceiras para sua felicidade.
Chegará uma hora em que o próprio filho, não agüentando mais carregar a mochila, dirá, com aquele ar de súplica que desmonta qualquer coluna vertebral materna: "Manhêêê, me ajuda?" Esta é a hora sagrada que Deus arrumou para a mãe tentar reparar as falhas educativas anteriores. Portanto, não a deve perder de forma alguma. Carregar todo o peso da mochila outra vez, jamais! Mesmo que tenha de lutar com todas as forças contra o "determinismo do instinto materno". É chegada a hora de efetivamente ajudar o filho no que ele precisa. Portanto, nesse exato momento cabe à mãe abrir a mochila, que ele mesmo deve, ou deveria, ter arrumado, e deixá-lo pegar o que consegue carregar. Se ele quiser levar a mochila com menos cadernos, ótimo! Se quiser carregar alguns cadernos, ótimo também! Mesmo que seja pouco, se o filho começar a carregar alguma coisa, já é ótimo. Até agora o que ele aprendeu é que levar a mochila é obrigação da mãe. Portanto, vamos devagar, até ele reaprender que essa obrigação é dele, e a sua mãe só o está ajudando. Se de pequenino o filho carrega alguns cadernos, à medida que vai crescendo pode levar mais cadernos, até chegar o dia em que conseguirá carregar toda a mochila. Educar é preparar o filho para a alegria da liberdade sem depender de ninguém para "carregar suas mochilas".
Nesse novo processo, o mais importante é que o filho, ao chegar ao portão da escola, sente na própria pele a ajuda de sua mãe, medida e quantificada pelo peso da mochila que deixou de carregar. Nessa hora, seu coraçãozinho se enche de gratidão, e vem espontaneamente o tão desejado beijo do qual ela tanto correu atrás. É um sentimento de reconhecimento do esforço que sua mãe sempre fez e ao qual ele nunca deu valor. Esse reconhecimento dá ao filho o sinal da existência da mãe. Se existe, a mãe deve ser respeitada.
Assim, o filho, carregando a própria mochila, sendo auxiliado pela mãe nessa pesada tarefa, cria dentro de si respeito pela pessoa que o ajuda. Essa gratidão entra em seu quadro de valores e penetra fundo em seu modo de ser. Quem tem respeito à própria mãe também respeita seus semelhantes. É dessa maneira que um filho pequeno adquire a ética que vai torná-lo um cidadão na sociedade.
Tirado do blog da Tia Maria.
terça-feira, 8 de junho de 2010
quinta-feira, 3 de junho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Currículo e Avaliação
Trabalho realizado pelas professoras dos 1° anos da tarde – Andréia , Selma e Tânia e pela diretora Vera para apresentação em HTPC.
Parabéns pessoal , foi ótimo , findamos mais uma jornada de estudos.